20/12/2010

Eleições

por Francis Parker Yockey

No que concerne a "eleições" que tem estado em voga por quase dois séculos da existência da Civilização Ocidental, tanto na Europa como em suas áreas dominadas espiritualmente em outros lugares, uma importante lei dos organismos políticos é demonstrada.

Sob condições "democráticas" ocorre o fenômeno conhecido como "eleições." Foi a teoria da "democracia" surgindo em meados de 1750 de que o poder "absoluto" do monarca, ou da aristocracia, dependendo das condições locais, deve ser rompido, e esse poder transferido ao "povo". Esse uso da palavra "povo" demosntra novamente a natureza necessariamente polêmica de todas as palavras usadas politicamente. "Povo" era meramente um negativo; meramente queria negar que a dinastia, ou que aristocracia, pertencia ao "povo". Era, portanto, uma tentativa de negar ao monarca ou à aristocracia existência política; em outras palavras, essa palavra implicitamente os definia como inimigos no sentido político autêntico. Foi a primeira vez na história ocidental que uma teoria intelectualizada tornou-se o foco da movimentação política. Onde quer que o monarca ou a aristocracia fossem estúpidos ou incapazes, onde quer que eles olhassem para trás, ao invés de se adaptarem ao novo século, eles caíram. Onde quer que eles assumissem por si mesmos as teorias e as interpretassem oficialmente, eles mantiveram seu poder e seu comando.

A técnica de transferir esse poder "absoluto" ao "povo" deveria ser por meio de plebiscitos, ou "eleições". A proposta teórica era dar o poder a milhões de seres humanos, a cada um sua milionésima fração do poder político total existente. Isso, é claro, era impossível de um modo que até mesmo os intelectuais puderam ver, então o compromisso seria o de "eleições" através das quais cada indivíduo no organismo poderia "escolher" um "representante" para si mesmo. Se o representante fizesse algo, através de uma ficção satisfatória era acordado que cada pequeno indivíduo "representado" havia feito aquilo ele mesmo.

Em pouco tempo tornou-se óbvio para os homens interessados no poder, ou para si mesmos pessoalmente, ou para aplicar suas idéias, que se eles trabalhassem previamente a essas "eleições" para influenciar as mentes da população votante, ele seria "eleito." Quando maior os meios próprios de persuasão das massas de eleitores, mais garantida seria sua "eleição" subseqüente. Os meios de persuasão eram o que se tinha à disposição: retórica, dinheiro, imprensa. Como as eleições eram eventos grandiosos, dispondo de enormes quantidades de poder, apenas aqueles que comandavam meios correspondentes de persuasão poderiam controlá-las.  A Oratória se mostrou, a Imprensa se apresentou como a senhora da terra, e o poder do Dinheiro se entronou acima de todos. Um monarca não podia ser comprado; que suborno poderia dobrá-lo? Ele não podia ser pressiondo por usurários - ele não podia ser processado. Mas políticos partidários, vivendo em tempos nos quais os valores se tornaram cada vez mais valores monetários, podiam ser comprados. Assim, a democracia apresentou a figura do populacho sob a compulsão das eleições, os delegados sob a compulsão do Dinheiro, e o Dinheiro sentando no trono do Monarca.

Então, o poder absoluto permaneceu - como deve ser em qualquer organismo, pois é uma lei existencial de cada organismo que: O poder dentro de um organismo seja constante, e se indivíduos, grupos ou idéias dentro do organismo diminuírem em poder, outros indivíduos, grupos ou idéias aumentam em poder de modo correspondente.

Essa Lei da Constância do Poder Intra-Orgânico é existencial, pois se uma diminuição do poder em um lugar não se transmita para algum outro lugar do organismo, o organismo adoece, enfraquece, e pode perder sua existência política como unidade independente. A história da América do Sul de 1900 à 1950 é rica em exemplos de revoluções triunfantes contra regimes, tirando destes o poder - que então passava aos Estados Unidos da América, e enquanto tal condição permanecesse, o país no qual tal revolução tivesse ocorrido seria uma colônia do imperialismo ianque.

Tradução por Raphael Machado