13/07/2013

Guilhermo Sepúlveda Castro - A Democracia é o Problema, não a Solução

por Guillermo Sepúlveda Castro



O governo do povo, dizem todos. A participação através do voto é suficiente. Sob uma linda e bela fantasia isso pode parecer necessário, mas em estrito rigor não é e nem será.

A concepção democrática, assumida por muitos como originariamente helênica, trouxe para muitos a crença de que quanto mais habitantes sejam incluídos como cidadãos dentro de um território, maiores graus de "liberdades" lhes devemos outorgar. Justamente o helênico, o denominado "democracia participativa" era o contrário do que muitos burgueses hoje creem. Mais parecia ser um exemplo honroso de Aristocracia do que aquele regime insano chamado por muitos de "democracia".

Somado a isso, a falsa crença de que através do voto uma Comunidade Orgânica pode dirigir seu destino, sem lugar para dúvidas já se demonstrou que isso jamais poderá acontecer. Sob as urnas sempre se encontra um organismo político com fins lucrativos, falo com clareza, dos chamados partidos políticos, os quais esperam ansiosos pela reprodução de seus próprios capitais. As campanhas políticas são sua melhor manifestação. Ganha sempre o que investe mais dinheiro em bandeiras e panfletos, perde sempre o que só confia na boa vontade "cidadã". Em estrito rigor, o voto, a participação por meio do voto e o domínio do voto majoritário, distanciam à Comunidade do Povo de seus próprios destinos. Menos soluções sociais e mais problemas para um país, não é mais que a essência do regime democrático.

A crença de que o voto legitima as decisões de um político eleito "democraticamente" resulta ser uma falácia, pensando em claro, que as decisões e consequências dessas são motivadas - em geral - majoritariamente por causa de um lobby sinistro que se manifesta através das minorias da vez: empresários milionários, grupos feministas, grupos homossexuais e muito poucas vezes por representantes populares...

O regime democrático, ademais, funciona apesar das ideologias que o representem. É mais, quando uma ideologia (esquerda, direita, centro, fascista) se democratiza, de mãos dadas vem sempre a germinação de um modo de produção capitalista, baseado nas relações de produção desiguais e no definhamento das forças produtivas que o permitem. Se potencia a exploração, a usura e a pobreza. Passa a ser mais importante o aborto que o salário mínimo e o matrimônio homossexual prioritário em relação à melhora das condições laborais. Esse processo de democratização por sua vez acompanha o fomento do egoísmo e a relativização de todo o espiritual de uma Comunidade do Povo, pois até Deus é submetido ao sufrágio universal.

A maioria de seus mais fiéis fanáticos defensores estigmatizam toda tentativa alternativa de organização política. Falam dos fascistas, dos totalitários, machistas e conservadores, porém desconhecem que inclusive sem democracia o homem pode igualmente chegar à plenitude. É curioso que após toda uma defesa da Democracia, se encontrem mais garranchos que argumentos. Creio que a medida que vamos compreendendo que o amor, a felicidade, a paz e tudo o que nos faz bem se realiza para além do regime que nos governe, podemos dar início a uma mudança cultural realmente revolucionária.

Ao contrário de toda idéia democrática, considero que o ser humano, como ser social e político, vive melhor agrupado e participando ativamente nas instituições que regem seu entorno mais próximo. Que o voto é desnecessário quando durante todo o ano te encontras participando de alguma organização comunitária ou funcional bairrista ou comunal. Que quando se fala de "partido político" se falará sempre de uma empresa mais do que de um espaço político de influência cidadã e que, portanto, sem estes e com a abertura das Organizações Sociais ao Congresso, a Comunidade do Povo se sentirá mais empoderada que sob os ditames da coalizão dominante.

No plano quotidiano a liberdade é mais plena sem democracia. Quanto mais involucrado se encontre o cidadão orgânico com seu bairro e comuna, seu destino será igual ao de sua comunidade e suas necessidades deixarão de ser moeda de troca para se tornarem obra social. Que o shopping que se encontra pronto no projeto deverá ser queimado e esquecido, pois é mais necessária uma Sede Comunitária que um McDonald's. Quando se pensa assim a democracia deixa de ser um dogma formal e passa a ser algo que há que superar. Pois quanto mais organizados, menos democracia será necessária para construir um país melhor.