20/06/2011

Biografia de Pierre Drieu La Rochelle

por José Antonio Hernández García

"Se Pierre Drieu La Rochelle não tivesse morrido em 1945, hoje seria ele o príncipe da juventude." - Robert Poulet

Pierre Drieu La Rochelle nasceu em 3 de janeiro de 1893 e suicidou-se em 15 de março de 1945 em Paris. Aos catorze anos, em 1907, descobre Assim Falou Zaratustra de Friedrich Nietzsche, influência que nunca o abandonará. Depois de uma viagem pela Alemanha e Inglaterra, define-se como "germanófilo e anglómano." Quando tem início a guerra de 1914 serve na infantaria e será ferido três vezes; sua experiência no front o marcará para sempre e determinará sua obra posterior. Ao finalizar a guerra torna-se amigo de Aldous Huxley, autor do romance de antecipação Admirável Mundo Novo. Devora os livros de Shakespeare, de Goethe, de Schopenhauer, de Dostoievsky, de Proudhon, de Sore, de Barrès, de Kipling, de Péguy, de Guénon e de Maurras. Interrogação, livro que reúne seus primeiros poemas, o publica em 1917. Entre 1920 e 1924 é atraído pelo dadaísmo e aproxima-se aos surrealistas André Breton e Paul Éluard, e seu nome aparece na revista Littérature; também torna-se amigo de Louis Aragon.

Porém em 1925 assina um artigo histórico na Nouvelle Revue Française que o afasta para sempre da vanguarda. Enquanto isso, escreve e alterna o ensaio lírico, Medida de França, e o romance analítico, O Homem Coberto de Mulheres. Em 1926, reencontra-se com Emmanuel Berl depois de ter colaborado na Revue Hebdomadaire. O ano de 1927 marca o ano de mais intensa amizade de Drieu com André Malraux, que permanecerá fiel a sua memória até o fim. Drieu escreve artigos para Bertrand de Jouvenel na La Lutte des Jeunes em 1934, onde conhece o militante Pierre Andreu, seu futuro biógrafo. Faz sua profissão de fé no Socialismo Fascista: "Este desejo de fazer uma política de esquerda, com homens de direita." Nesse mesmo ano conhece a Ernst von Salomon em Berlim. Drieu é insuperável no diário íntimo e no testemunho introspectivo. Suas reflexões decadentistas e suas descrições pessimistas do mundo literário e político fazem dele o melhor memorialista de seu tempo. Isso sem esquecer seu talento como jornalista que encontramos nas compilações de artigos: Crônica política, 1934-1942 e em O Francês da Europa. Em 1936 adere ao Partido Popular Francês (P.P.F.) dirigido por Jacques Doriot - antigo comunista - e assiste a sua fundação em Saint-Denis. Escreve regularmente no L'Émancipation Nationale, órgão de imprensa do partido. Em 1939 envia sua carta de demissão ao PPF. Depois da derrota de 1940, torna-se membro da direção da N.R.F. Também aparecem seus artigos na La Gerbe de Alphonse de Châteaubriant. Em 1943 colabora no hebdomadário La Révolution Nationale, de Lucien Combelle. Se assume como "socialista europeu" porém se decepciona rapidamente em virtude da iminente queda do Terceiro Reich. A concepção da Europa de Drieu é idealizada e utópica devido à influência de suas leituras de autores românticos alemães. Cada vez mais se interessa nos místicos hindús. Perseguido e vivendo na clandestinidade, se mata aos 52 anos, depois de ter finalizado seu Relato Secreto, onde aponta: "me conduzi com plena consciência, duramente minha vida, de acordo com a idéia que me fiz dos deveres do intelectual." É o testamento sincero de um humanista sensível, de um asceta e de um poeta lúcido em busca do absoluto em uma época atormentada e decadente. Apesar de sua obra desigual, sua vitalidade e seu temperamento único aparecem em todos os seus livros: "Por princípio sou um escritor desigual. O essencial do que tinha a dizer já o havia assinalado, porém apoiando a pena em uma força mal-fadada. Há em meus primeiros escritos o melhor e o pior. Por uma razão de vida e morte, devia separar o melhor do pior." (Escritos de Juventude, 1941). Pierre Drieu La Rochelle pode ser considerado o filho espiritual de Friedrich Nietzsche e de Maurice Barrès.